domingo, 13 de setembro de 2009

Justiça e Injustiça

©2007 Jorge Lemos


Ensaio:
Dos Conflitos (E Certezas) Das Leis e Da Alma


Vamos falar de esperança e vida.

Talvez o sentimento mais puro desenvolvido pelo ser humano tenha sido o de justiça.

Voltaire o coloca de forma simples, atribuindo a Deus tal sentimento, em razão d’Ele nos ter concedido um cérebro e uma cabeça pensante.

A colocação simplista do pensador francês nos leva a refletir sobre o conceito da criação e a destinação do indivíduo ao meio. Considero um pouco mais complexa esta condução da finalidade humana aos planos da razão; é que Justiça e Injustiça estão postadas dentro da lógica imposta por um tempo de pressões ambientais. Observam-se as variações históricas que rezam que momentos justos e/ou injustos têm pendido seus pratos de forma distinta no curso dos tempos.

A evolução do pensamento humano estabelece que a razão prepondere quando a liberdade e a segurança estão em jogo. Isto cria o conceito da esperança de que o procedimento ético supera o mal e sobrevive.

Momento difícil o que atravessamos. Mas, felizmente, o mal é como o rato na ratoeira que, com fome, destrói as suas próprias entranhas. Esta observação nos dá alento. É preferível, se a dúvida pairar, que o indivíduo aplique a lei do Zoroastro - a que contém a máxima que soluciona a dúvida:

“Quando tens dúvida de que uma ação que te é proposta seja justa ou injusta, abstentém-te e espere: o justo sempre decide e supera o mal. Tudo uma questão de tempo”.

Proposta conformista? Não! Tomado de todas as reflexões e ouvidas todas correntes de pensamento busca-se pela razão o instrumento de se criarem as Leis e a Força para garantir que as mesmas estejam sendo cumpridas, e que a punição dos faltosos seja fato exemplar. Observa-se que os conflitos, especialmente os que tratam da moral ferida, exigem toda a racionalidade do pensamento humano para a superação das dificuldades na ação de combate ao mal.

Esta apresentação do meu pensamento dá-me a consciência de que todo o princípio para reger a humanidade deve estar calcado e fundamentado na Lei divina que é a Moral.
Dizem alguns profanos que a moral é relativa e que a mesma se fundamenta nos aspectos culturais desenvolvidos, os quais são hoje, transitoriamente, considerados os “Senhores do Poder”. Sei que hoje o modismo da liberalidade é fugir dos princípios da ética e da moral.

O mergulhar nas licenciosidades e as tentativas para alteração dos costumes (para pior), ocorreram repetidas vezes na história. Criou-se, através do Poder prostituído, o conceito de que “quanto pior melhor” - prática exercida pelos amantes do caos.

Há um abismo entre os da prática e os daqueles que se opõem. Esta diferença, ou abismo, é representada pela omissão. Nossa ação de combate pode, e deve ser, mesmo que simplesmente, aplicá-lo através do que defendia Jung, o inconsciente coletivo, ou pela “mentálica”, soberbamente descrita por Isaac Asimov, que afirmava:

”Mesmo que você não mova uma palha através da ação física, a força do seu pensamento é a mais forte energia para combater o mal” (Fundação II).

Porém, afirmo que a omissão pode ser considerada a pior das correntes dos tempos modernos. Vêm-se perdas de valores pessoais e desvios na formação da base futura. Omissão é o alheamento e a permissividade da destruição da base da sociedade humana. Este abismo cria o vácuo e contraria todos os princípios da finalidade da criação feita através da individualidade da alma, donde derivam todas as Leis que regem a história.

Esta minha abordagem nos conduzirá, obrigatoriamente, ao papel que representamos hoje como espécie que se destina à busca e ao aprofundamento dos estudos que ejetam todas as diferenças das individualidades.

Críticas ocorrerão, mas prevalecerão, com muita certeza, os chamamentos para a realidade da vida atual, que necessita ser defendida e preservada. Se o comportamento humano de grupos nos preocupa, cabe-nos buscar conceitos que inspirem ação para não destruir a esperança que deve estar inserida nos indivíduos privilegiados - que são os da nossa espécie...

Se juntos soprarmos, ao mesmo tempo, um furacão atingirá Brasília e assim estaremos a salvo das imoralidades que observamos “ maiora premunt “ (coisas maiores urgem).

Jorge Lemos



Marcadores:



Comentários

Clique aqui e faça seu comentário
Voltar à página principal

"

A justiça, meu caro é cega ...
O futuro não é mais como antigamente.
Os amores são líquidos ...
Mas as amizades ainda perduram ...
Abração.

"

Comentário de Blogger Flavio Ferrari, em 14 de setembro de 2009 às 01:00  

"

Você tem razão: as amizades perduramto a Justiça ser cega
é uma realidade. O lamentável é sempre o homem que a interpreta, por isso...
Abração

"

Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 15 de setembro de 2009 às 09:58  

"

O difícil é juntar um sopro grande o suficiente contra a imoralidade que virou senso comum. :-(

Grande beijo

"

Comentário de Blogger Anne M. Moor, em 15 de setembro de 2009 às 21:13  

"

Anne querida amiga

É dificil, mas vale a pena tentar
Jorge

"

Comentário de Anonymous Jorge, em 16 de setembro de 2009 às 09:34  

"

Meu caro mestre e amigo, não basta ler é preciso processar em longos debates intimos o que tão profundamente foi escrito.
Eu procuro entender os fatos pelo caminho do poder, entendendo que a realidade social é maleável, flexivel, adaptável, um constructo virtual.
Creio que são raros os seres humanos que percebem tais constructos. Os contra movimentos acabam sendo absorvidos e se transformam em modismos, são enlatados e vendidos neste grande mercado de ilusões.
O simples tornou-se extremamente complexo, entender que para ter riqueza é preciso perpetuar e aprofundar a pobreza, torna-se hoje quase impossível, o ter já ultrapassou de longe o ser.
A omissão é talvez o maior pecado da nossa humanidade, não fosse assim, e teriamos outra história para contar as futuras gerações.
E por falar em pecado, vem dai a questão da moral, quem dita as regras...os vencedores ou os vencidos...
Caro mestre basta olhar e analisar os nossos próprios comportamentos..até onde estamos dispostos a defender as nossas convicções...até quando iremos mascarar as nossas verdades...e até quando iremos descaradamente mentir através de nossos comportamentos encobrindo-os com um palavreado e com uma conduta social polida....até o presidente disse que não disse o que disse sobre a tal compra dos aviões...é por isso que a nossa sociedade esta cada vez mais distante de sua humanidade...ou será que está cada vez mais próxima dos nossos ancestrais.. a sobrevivência acima de tudo...só que hoje a equação é mais clara mais nitida mais comprovada...para sobrevivermos em determinados niveis de qualidade de vida é preciso exterminar e condenar à miséria extrema um elevado % da raça humana...

Que deus continue a dar-lhe esta força interna que ilumina a tua vida

Abraços
do teu eterno aprendiz

"

Comentário de Blogger vittorio, em 16 de setembro de 2009 às 23:54  

"

Acho que foi o Martin Luther King que disse mais ou menos que não temia o barulho dos maus, mas o silêncio dos bons...

"

Comentário de Blogger Ernesto Dias Jr., em 17 de setembro de 2009 às 23:41  

"

Vitótio dileto amigo

A interpretação clara do meu texto
proba a grande maturidade que atingiste.
Louvo a percepção dos que pensam
e analisam. O momento exige um sopro e só a inteligência, como a sua, a busca de oxigênio.
Abração Amigo

Jorge Lemos

"

Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 18 de setembro de 2009 às 10:56  

"

Ernestão

A sutileza do seu pensamento nos inspira a esperança
Vamos nos falar

Jorge Lemos

"

Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 18 de setembro de 2009 às 10:57  

"

Vittorio (retificando acima)

"

Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 18 de setembro de 2009 às 10:59  

"

Nessa época de ética estética e moral negociável, os sopros não dão para apagar uma vela ...

"

Comentário de Blogger Flavio Ferrari, em 10 de novembro de 2009 às 00:41  

Clique aqui e faça seu comentário
Voltar à página principal