segunda-feira, 28 de maio de 2012
©2007 Jorge Lemos
Ensaio Crítico: VIOLÊNCIA X VIOLÊNCIA
Talvez o mais grave processo de decomposição de um povo se processe através dos meios de comunicação. Especialmente quando ele é movido pelos altos interesses políticos e financeiros.
Não quero falar sobre a liberdade de imprensa: o direito da palavra deve estar sempre assegurado. Mas a palavra e a imagem devem obedecer a critérios rígidos de responsabilidade. Mostrar os fatos de forma transparente é obrigação de todos e direito sagrado assegurado constitucionalmente.
Quero, entretanto, expressar a grande necessidade de se estabelecer certo rigor que deve de ser mantido no controle da propagação da violência, provocando a decadência moral e deformando a estrutura educacional especialmente da nossa juventude e infância.
A televisão estabelece um nível de baixa qualidade em sua programação onde mostra a total irresponsabilidade para garantir o aumento de audiência. Campeia a mediocridade e se amplia a pouca vergonha. O sensacionalismo mais que barato faz da violência o instrumento para a sustentação da política central do “quanto pior melhor”. Há por traz de tudo um maquiavelismo programado, anestesiando a mente do cidadão, enquanto a corrupção nada de braçadas no plano político. Violência arquitetada anestesiando a população.
Poucos enxergam. As conseqüências atingem as raízes familiares. Dentro de nossos próprios lares sentimos os claros exemplos da deformação do processo civilizatório, cultural e educacional.
Surpreendo-me mesmo com a violência na TV. Dela fiz parte desde sua origem no Brasil e eu, na época, já discutia os riscos graves que poderiam advir se ocorresse a falta de responsabilidade e do sentido de auto-critica de nós, produtores e comunicadores.
Mas, a pressão comercial na luta pela audiência maior predominou e o sangue, os crimes, a violência, a falta de decoro vêm, cada vez mais, sendo aplaudidos pois o lucro vem a partir daí.
Somos também culpados? Sim!
Livremente o crime penetra em nossas casas, escolas, meio social, com fácil acesso a todas as faixas etárias e classes sociais, sem o controle dos próprios responsáveis.
Sofremos uma alteração de costumes e uma perda de valores humanos num lapso extremamente curto. A tecnologia mau aproveitada sustentou e muito contribuiu para a perda de valores fundamentais ao processo de desenvolvimento civilizatório.
Não sei qual será o fim. Talvez um novo período glacial ponha fim a tudo isto que está por ai, como já ocorreu com tantas civilizações passadas.
Um fato que ninguém pode desconhecer: não se pode cuspir para cima; toda violência gera violência como toda ação provoca uma reação em sentido inverso. Os filmes permissivos e os programas, até de emissoras consideradas fechadas, mostram abertamente a prática do uso de drogas onde se verifica o fácil aliciamento dos jovens movidos pelos maus exemplos e pela curiosidade.
O sexo fácil mostrado serve de escola para meninas e meninos da mais baixa idade, e o resultado tem sido a gravidez prematura. Notaram com filmes fazem até apologia do uso e do tráfico de drogas?
Militando na imprensa desde a minha juventude, percorrendo expressivos jornais e revistas de larga circulação e atuando em emissoras de rádio e televisão, descrente com a tendência do Jornalismo barato e sensacionalista, abracei, já no final das minhas atividades, a Publicidade e a Comunicação Social, não tem me faltado o poder da crítica.
Tive uma séria preocupação em estabelecer um rigor, mais que acentuado, na abordagem de temas que pudessem dar aos jovens exemplos pouco dignos - Isto se chama responsabilidade !
Tenho discutido, e muito, sobre este momento. Pessoas dignas a mim se somam. Muitos amigos não se sentem bem dentro da atual conjuntura, quer social, quer política. Na internet, as chamadas Redes Sociais são de uma baixeza de fazer corar santo de barro.
Meninas e meninos, que eu considerava pertencer a famílias até religiosas, embrenham-se num linguajar mais que chulo e decomposto. Usam palavras de baixíssimo calão.
PREDOMINA UMA POBREZA CLARA DE ESPÍRITO E O DESRESPEITO IMPERA !
Resolvi tomar uma atitude comportamental séria: vou deletar da minha relação de amizades alguns nomes que considero mais do que impróprios para fazer parte do meu rol de amigos. Não é por purismo, mas por respeito a mim mesmo. No meu rol de amigos - faço questão - só manterei aqueles que se apresentem cônscios de seus papéis como formadores de opinião. Olha que a leva a ser apagada é grande. Faça o mesmo. Talvez, desta forma, alguns se sintam envergonhados e assim modifiquem seu comportamento.
Não que eu seja um puritano, mas é que me vergonha mesmo!
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sábado, 12 de maio de 2012
Reflexões
©2007 Jorge Lemos
Reflexões
Há momentos sagrados em nossas vidas. Olhando à nossa volta, observamos que a evolução humana encontra dificuldades para perceber qual o papel do indivíduo em seu meio e que tipo de contribuição ele pode oferecer ao plano elevado da criação.
Encontro um pensamento: “O fato de nos sentirmos bem no nosso corpo não basta para estarmos em harmonia com nós mesmos”.
Meu interior busca respostas. Abro uma revista, aleatoriamente, e encontro, em destaque, no branco de uma página: “Conheça-te a ti mesmo”.
Conheço-me? Tenho dúvidas.
Analiso-me e vejo que dei muita importância a um mundo de aparências e que fixei-me em demasia na busca de sucesso e de realizações que muito pouco a mim significaram. Senti que não havia em meu interior a completa HARMONIA para compreender momentos!
Vejo e sinto que me perdi em diversas encruzilhadas por não ter compreendido a importância do meu papel e o meu momento. Não me bastou, na vida, o intelecto que muitos me atribuem. A capa revestida de erudição e cultura, não me possibilitou enxergar que aqueles que me bajulavam, me chamavam de Mestre, a dar-me tapinhas nas costas, eram apenas oportunistas que queriam galgar posições, cargos ou funções, para por em prática ações até nefastas.
Senti-me, naquele momento de reflexão, um verdadeiro paspalho. Não havia eu encontrado, lá atrás, a necessária HARMONIA para escapar dos encômios, honrarias e elogios e dedicar-me, com mais profundidade, para servir melhor como um verdadeiro portador da sábia luz para iluminar corações escurecidos.
Hoje é tarde para recomeçar? Não!
O que é o tempo senão uma centelha ante a imensidão do Criador!
Há uma composição cósmica que eleva. Há uma realidade Divina que nos proporciona, no momento certo, encontrarmo-nos numa simples encruzilhada conosco mesmo.
Vejam o que amealhamos como bens materiais. A quem eles estão favorecendo? O dinheiro acumulado está propiciando a outros o beneficio do seu sustento?
Dirão muitos: “Os meus mais próximos irão se beneficiar com aquilo que colhi!” Mas essa colheita vai ajudar um ser distante com o beneficio de alimentar-se?
Outros irão se sentir pouco privilegiados porque não têm materialmente o que partilhar.
Esperem! Não é necessário o recurso econômico, o dinheiro, até fácil, que lhes caiu às mãos.
Pensem naqueles velhos que estão num asilo, muitos dos quais abandonados pelos próprios filhos e necessitados de um papo de meia hora para se sentirem gente! Vocês já entraram num hospital para visitar um enfermo? Já foram a um abrigo de crianças num dia de visitas e se reuniram com elas para contar histórias?
Ufa! Há coisas às quais não damos valor e que são muito importantes para tantos e tantos carentes.
Neste momento, avaliei cada passo do meu instante neste plano.
Curioso: mesmo objetivando aplausos, e até reconhecimento, fiz uma pequena caminhada - encontrei-me agora!
Neste momento, acordei para uma realidade. Bendigo este momento pois encontrei Deus em sua plenitude em meu interior, o que me ofereceu uma verdadeira Paz Profunda.
Saibam que me achei mais bonito quando me vi refletido num espelho. Eu havia escrito um poema, lá pelos idos de 1980, inspirado, talvez, por um sagrado mestre que dizia: “Ser feio - um feio assim que comove e que entristece. Sou feio e me conformo. É necessário arte e harmonia até para ser feio!”
No momento em que acabei de escrever este texto, uma cadela que colhi na rua, abandonada, cheia de bernes, bicheiras e com um olho perdido por briga com outro animal, entra no meu escritório, coloca-se ao meu lado. Eu a acaricio, ela me lambe a mão e coloca sua cabeça no meu colo, recebendo afagos.
Lágrimas me vieram aos olhos. Senti, então, que a Natureza Divina havia também me acolhido e me mostrado caminhos novos a percorrer!
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