domingo, 17 de outubro de 2010

Frágua de Saudade

©2007 Jorge Lemos



Frágua de Saudade


(Pela memória do flautista amigo Carlos Poyares)



Coisa que faço sempre quando sobra tempo: fui, dias atrás, a uma destas festas em local que abriga crianças carentes. Voltei à minha primeira infância, quando meu pai, educador e humanista, fora o diretor de um Centro Integral de Educação (Instituto Maruípe), no estado do Espírito Santo, que abrigava crianças - em sua maioria órfãs.

Vi-me em certo dia especial (volto ao princípio dos anos 30) naquele Instituto, quando se comemorava algo parecido com o, hoje, “Dia das Crianças”. Inovador sempre, sei que foi meu pai quem lá implantou datas festivas e comemorações cívicas como forma de educação e socialização de crianças. Sei que colheu excelentes resultados ao oferecer aos meninos a oportunidade de conhecer pessoas diferentes de níveis sociais distintos - meu pai pregava a solidariedade e a fraternidade como elementos para a elevação moral dentro do processo educativo.

Lembro-me, num destes dias festivos, lá foi nos visitar um senhor de ricas posses, acompanhado da família. Chegaram num veículo lindo, grande, único e raro, luzidio (talvez um carro europeu) que trazia a direção do lado direito. Um chofer negro, bem fardado, estava ao volante. Ao lado do motorista, cujo assento era individual, numa cabine fechada, havia um espaço vazio onde cabiam várias malas. Coisa assim que só era vista em filme no cinema. Da boléia do carro desceram duas crianças regulando nossa idade, uma senhora elegantíssima, mãe das crianças, e o rico senhor. Meu pai os vai receber de forma afetiva.

Dia de festa para todos. As crianças, lá internas, estavam limpas e vestidas com um uniforme azul e, como de praxe e disciplina, aguardavam as ordens, como sempre, perfiladas.

A chegada dos visitantes fez os funcionários ajudar o motorista para tirar volumosos pacotes do veículo. Em seguida, nos dirigimos todos, ordeiramente, para o amplo refeitório, local em que se desenvolveria a festa. Os internos tomaram os seus lugares às mesas de refeições. Pouca falação e muitos doces servidos.

Um grande bolo foi cortado e distribuído. Ocorreram apresentações musicais e declamações. Ao final do programa, foi formada uma fila que levou à distribuição de presentes pelas mãos da senhora. Predominara a distribuição de flautas de lata e gaitas de boca, instrumentos musicais muito difundidos naquela época. Também ganhei a minha. Alegre e saltitante, a criançada debandou para o pátio para curtir os presentes. A algazarra feliz ocupou todo o exterior do prédio.

Veio-me agora à lembrança: um dos meninos (talvez o menor deles), figura um pouco frágil e diferente, por não ser travessa, buscou um lugar distante, longe da balburdia. Notei que ele se encantou com o instrumento. Chamávamos o menino pelo apelido de “Pequeno”. Sempre brincávamos juntos. Ele, triste e calmo, era diferente dos demais alunos. Assim se passou mais de um ano de nossa convivência. Do seu instrumento já se ouviam alguns sons melodiosos. Nunca mais o vi. Meu pai foi guindado a uma Secretaria de Estado e deixamos aquele educandário.

Tornei-me, quando adulto, comunicador e jornalista e, em dado momento, fui dirigir uma importante emissora de Rádio. Naquele tempo, programas de auditório predominavam. Artistas de renome rodavam o país em busca de mais notoriedade e faturamento. Uma cantora famosíssima, na época, vai se apresentar em nossa emissora de rádio. Foi um sucesso absoluto. O conjunto regional que a acompanhava era liderado por certo flautista, que rivalizava com, o também famoso, Pixinguinha e outros bons instrumentistas. O fôlego do jovem era assombroso e seu virtuosismo invejado. Após a apresentação, a cantora recebeu nosso convite para um jantar especial num desses restaurantes badalados da cidade. Os membros do conjunto regional também foram. Os melhores vinhos e a farta alimentação encheu de entusiasmo nosso papo. O flautista, líder do conjunto regional, curiosamente, troca de lugar com o ocupante da cadeira ao meu lado e me diz:

- Você não me parece estranho! Conheci, quando criança um menino com o seu nome. Por acaso você é o Jorge, filho do Professor Lemos?

Respondi afirmativamente. Ele, de pronto, levantou-se e pediu-me que também levantasse. Estranhei. Pediu silêncio. Ele, ternamente, me abraça e me diz:

- Eu sou o "Pequeno", aquele menino que fora seu companheiro, lá em Vitória! Saiba que aquela festa no Instituto marcou minha vida. A flauta de lata abriu-me as portas para a música. Devo minha vida de artista ao velho professor, seu pai!

Aquele encontro, naquela circunstância, me levou às lágrimas. Tocou-me o peito. "Cacá" se transformou num dos maiores flautistas da música popular brasileira, gravou centenas e centenas de discos, como solista ou acompanhando os maiores intérpretes.

Ele já partiu. Morreu em 2004. Fico imaginando o bem que fez a ele aquela simples flauta de lata doada, um dia. Vejo a importância que um simples brinquedo pode fazer para vida de uma criança. Pense nisso, já que necessitamos melhorar o perfil do mundo e criar talentos.





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Comentários

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Jorge

Que história bem linda. Tantos ensinamentos num conto só. Lembrou-me de sua casa e dos momentos mágicos que lá passei.

Beijos
Anne

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Comentário de Blogger Anne M. Moor, em 19 de outubro de 2010 às 12:45  

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Anne

Sua sensibilidade anima-me. Nossa memória sempre armazena fatos que realmente, quando relatados, possam oferecer uma nova dimensão e balisamento de vida para muitos.
Nós, como educadores, sabemos perfeitamente de mostrar nosso passado, discutir nosso presente, nos oferece a oportunidade de um futuro seguro e ético.

Sentimos falta tambem de vc por aqui.
Nossos Beijos

Jorge e Estephania.

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 20 de outubro de 2010 às 10:30  

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A Todos os que aqui aportarem:

Vou repetir Mario Vargas Llosa:
"A linguagem é preciosa para o escritor".
Quando transferimos o pensamento buscamos parcerias e ensinamentos. O blog, de uma forma ampla, nos possibilita
expressar nossos sentimentos e
legar a outros retalhos de nossas vidas.
Não condeno àqueles que só passam por aqui e nada deixam: paramente lamento é que este pequeno toque de simples palavras (criticas e apoio) possam nos guiar para nosso próprio aperfeiçoamento.
Temos um instrumento poderoso para mover o mundo, para melhor. Este instrumento é a Internete.
Noto que os temas chãos, alguns até promiscuos, dominam pessoas infelizes. Que pena: a sociedade mergulha para sargeta e ainda não percebeu.

O que escrevo não é sobre moralismo,
falo da necessidade da ética como meio de elevar o mundo.

Ando triste.

Eu

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 24 de outubro de 2010 às 12:09  

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Querido Jorge,

Entendo perfeitamente este seu lamento.  Sinto exatamente o mesmo e vou escrever no O Centauro mais sobre este sentimento que me fica ao escrever no vazio da solidão.

As pessoas, em sua maioria (as poucas exceções são, claramente, nossas conhecidas), estão muito mais ligadas e interessadas nos absurdos, nas reles expressões visuais e verbais dos chamados "Reality Shows" e nos apelativos programas de auditório da televisão brasileira, empobrecida de mensagens voltadas à elevação cultural da sua comunidade (uma das principais funções, senão a principal função, dos meios de comunicação, pelo menos no meu modo de ver).

E esta mesma "ligação" das massas com o vil, como nos mostra o cenário político que se avizinha, faz atual a antiga manifestação de Vitor Martins, em música que fez com Ivan Lins, décadas atrás, quando diz:

"Muita água rolou
Dos olhos do povo
Pelo que vejo agora, Lelê
Vai rolar de novo..."

Porém, o belo, como essa tua homenagem a um artista brasileiro de grande valor, não haverá ditadura cultural que possa apagar.

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Comentário de Blogger Walmir Lima, em 24 de outubro de 2010 às 13:25  

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Jorge

Não fica triste não. Visita e participa dos blogs que gostas e que te trazem algo pra acrescentar à vida.

Tem muita coisa boa na internet. O importante é saber filtrar o que queremos ver.

Grande beijo
Anne

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Comentário de Blogger Anne M. Moor, em 24 de outubro de 2010 às 18:07  

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orge,

Muito sábio teu pai!
O maior presente para aquele menino, não foi a flauta de lata, foi a oportunidade!

É o que falta à muitas crianças!

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Comentário de Blogger angela, em 25 de outubro de 2010 às 08:31  

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Agora deixa eu te dizer:

Não aguentei esperar ir até aí e pedi meu exemplar do "Vento que Leva". Recebí neste final de semana e só ontem à noite pude começar...

Ai Jorge, que saudade me deu de vocês!

Teu editor falando do cafezinho da Estephânia, sobre o teu sítio rodeado pela mata. Cheguei à sentir os cheiros...

Já estou eu me encantando com o Tonhão e suas falas sobre o Leocádio Candeias de Alvelhão Pintaroxo!

Assim que puder, levo meu exemplar (certamente todo sublinhado como gosto de fazer) para você assinar.

Muitos beijos e saudades!

Angela

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Comentário de Blogger angela, em 25 de outubro de 2010 às 08:41  

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Ah, como disse a Anne: Não fica triste.

Deixo aqui uma frase de Guimarães Rosa que a escritora Martha Medeiros cita em seu último livro "Fora de Mim":

"O senhor sabe o que é o silêncio? É a gente mesmo, demais."

Então, talvez seja apenas isso!

Beijos

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Comentário de Blogger angela, em 25 de outubro de 2010 às 08:45  

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Anne

Quando mergulho em blogs como o teu, elevo-me como gente. A tua percepção do mundo que nos cerca, ensina-me. Quando jorra o lirismo nos teus poemas, vejo-me.
Esta sintonia nos aproxima.
As vezes, não deixo recados mas creia, medito e elevo-me.
Bendita Internete que nos dá esta oportunidade. Minha tristeza é exatamente provocada pela perda de tempo de "pseudos" intelectuais que transformam seus textos em instrumentos a serviço da contra-cultura.
Felizmente temos uma ANNE EM NOSSOS DIAS.
Biejão
Lemos

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 25 de outubro de 2010 às 09:43  

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Walmir

Saiba que estamos na condição de
representar os velhos espécimes que buscam construir. Vejo a nossa volta raras virtudes: reafirmo que as esquerdas fracassaram em tudo, menos no controle da cultura, como bem observou o premiado nobel Llosa.
O QUANTO PIOR E MAIS IGNORANTE O HOMEM, MAIOR A SERVIDÃO para as ideologias totalitárias de ambos os lados, esquerda e direita.

Vamos nos aprofundar nesta visão.
Grato pela presença e apoio.
Lemos
Curioso é que

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 25 de outubro de 2010 às 09:52  

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Minha Queridíssima
Angela

Estou infinitamente feliz por sua presença aqui. Seis que falhei em não ter encaminhado o "Tonhão" para a amiga. Os ventos têm soprado de forma, as vezes, tempestiva no que se refere aos compromissos e noites de palestras e autografos, sempre seguidas de surpresas com a saúde. De coração lamento o lapso.
Ter você aqui nos encherá de muito contentamento e prazer. Saiba que vc é muito especial para este velho peito.

Agradeço a presença

Beijão

Lemos

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 25 de outubro de 2010 às 09:57  

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Jorge

Quando falas assim de mim e do meu poetar, me enche de orgulho. Obrigada meu amigo. Como eu disse ao Walmir, lá no blog dele, a gente escreve pra se jorrar no "papel" e se conhecer melhor.

Beijos
Anne

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Comentário de Blogger Anne M. Moor, em 25 de outubro de 2010 às 11:46  

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Som de prata
Flauta de Prata

Coração de ouro, como mais uma vez se pode comprovar, tem o meu amigo!
Juntamente com outras coisas, também o coração se herda do berço!

Linda, também por ser simples, a história que partilhou connosco!

Grande abraço!
António

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Comentário de Blogger A.Tapadinhas, em 25 de outubro de 2010 às 15:32  

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Querido Jorge,

Na sequência do meu comentário anterior, queria destacar a você, meu amigo, que é Jornalista e Patriota de fibra, um trecho do histórico “Manifesto em Defesa da Democracia”, que você conhece bem, em que, encabeçando uma lista de co-signatários, como juristas, historiadores, acadêmicos, intelectuais, representantes do clero, embaixadores e cientistas políticos, no dia 22 de Setembro passado, Hélio Bicudo, jurista e fundador do PT, nas Arcadas do Largo de São Francisco, em São Paulo, faz um pronunciamento belíssimo, uma verdadeira lição, um código de conduta cívica, que todo aquele que se diz brasileiro deveria ler, divulgar aos seus e conservar por preciosa relíquia que representa - um ato comparável ao Movimento “Diretas, Já!”.

O trecho diz:

“É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.”

Queria, agora, dizer aos criminosos que querem cercear a liberdade de imprensa, divulgadora do sagrado direito democrático da informação, que

O que desonra é o crime,
E não a notícia dele.

Abraços,

Walmir

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Comentário de Blogger Walmir Lima, em 27 de outubro de 2010 às 12:43  

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Peço também ao amigo que veja e divulgue o excelente vídeo abaixo (arquivado no Youtube) que contem a íntegra do Manifesto, declamado pelo próprio Hélio Bicudo. Outro documento histórico.


http://www.youtube.com/watch?v=6D6Ocm9xbgo

Walmir

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Comentário de Blogger Walmir Lima, em 27 de outubro de 2010 às 13:03  

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Antonio

Tenho meditado profundamente sobre as Artes. Cheguei a uma pequena conclusão que realmente o genero da afetividade é a mais sublime delas. Para quem escreve, ou para quem pinta ou para quem compõe (qualquer peça) estabelecem uma perfeita sintonia com o Todo, o Universo, em seu constante crescimento e expansão.
A vida só tem sentido ao se legar a experiência aqueles que a carece.

Pela simplicidade podemos modificar a face do mundo. Você um mestre em muitas artes.

Abração do

Lemos

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 28 de outubro de 2010 às 09:23  

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Walmir

Incubi-me de fazer chegar aos meus leitores a corajosa e vertical posição do mestre Bicudo e outros honestos próceres.
Firmo com ele o pacto da verdade:
a imprensa é o unico instrumento que sustenta as idéias de liberdade. Sempre julguei uma espurca e grosseira manifestação a maquinação dos que tentam calar o homem. Amo o pensamento de Voltaire: "não concordo com uma só palavra que dizeis, mas defenderei até a hora da morte o direito de dize-la".
Costumo dar em minhas palestras sobre liberdade algo assim:
" demoniaca, de maneira consciente, é a ação daqueles que buscam cercear o direito da palavra, especialmente aquelas que levam ao conhecimento da razão". Assim...

Falaremos mais profundamente sobre este ponto.

Lemos

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 28 de outubro de 2010 às 09:35  

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Um me pensamento esparso:

O quilate da linguagem varia sempre de leitor para leitor, se assim não fosse, asbstraindo dos assuntos, todos teriam os mesmos autores como prediletos. Idéias são como cores, enfeitam nossas vidas, em momentos dispares.

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 28 de outubro de 2010 às 09:43  

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Outro Pensamento às vesperas do segundo turno:

"Turba inculta vai seguindo
os enganares do lisonjeiro e falso homem. Por migalhas vende ele
a alma, por não fazer de seus braços o instrumento de fortuna.
Infelizes..."

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Comentário de Anonymous Jorge Lemos, em 28 de outubro de 2010 às 09:50  

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