segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Diário de Bordo (6) - Montmartre
©2007 Jorge Lemos
Diário de bordo (6) -
Montmartre
Sou um ardoroso fã de alguns diretores do cinema
mundial; Woody Allen, um deles.
Após ver, por três
vezes, “Meia Noite em Paris”, fiz-me atraído a passar um dia em Montmartre,
centro polarizador de todas as artes, em todos os tempos, da França.
Lamentei não poder
curtir, por uma década inteira, as tantas e tantas histórias dos grandes artistas
e intelectuais que ali viveram. Naquele bairro
repousam fatos que envolveram os maiores gênios de todas as artes.
Sei que muitos acharão que é pretensão: Eu, modesto
escritor, quis bater um longo papo (como fez Woody Allen) com os grandes
personagens. Cada parede de um restaurante, de uma casa, de uma rua, de uma
praça, retém a energia viva de todos eles. Deparo-me com Cyrano de Bergerac, alinhavo perguntas para o Ernest Miller Hemingway, que viveu a boemia daquele
bairro, onde criou e escreveu suas mais belas obras. Que tempo de gloria para
um artista !
Um dia foi pouco para reabastecer a minha
curiosidade. Minha curiosidade, como me disse Davi (nosso Guia), foi a maior
que presenciou entre todos a quem serviu de guia em seus 8 anos de profissão!
Seria a minha idade um fator para recuperar o
tempo?
Sou diferente? Sei, eu sou. Não me contento com o
trivial, quero mais saber e aquele bairro, no ponto elevado de Paris, tornou-se
o centro das minhas atenções.
O jovem professor de Arte e História, Davi, filho
de portugueses, foi o nosso guia. Contratei-o por ele ter se tornado, facilmente, um jovem mestre capaz de descrever, entender e alinhavar detalhes de Montmartre
de forma brilhante e racional. Vivi cada detalhe do que me foi mostrado. Saí de
lá enriquecido por ter recebido uma inquestionável riqueza de detalhes que
vieram me proporcionar a visão de um tempo diferente.
Comparei com o que se vê no Brasil e fiquei triste
e lamentando o total desprezo pela nossa história. A irracionalidade e a
bestialidade do atual abandono do Museu do Ipiranga, onde um bando de
“vermelhos” que infesta a USP destruiu ao rasgar a nossa história e fazer-nos
esquecer o nosso passado. O Museu do Ipiranga esteve, por anos e anos a fio, abandonado pela corja que se alojou na USP.
Não gosto muito de Museus, mas visitei alguns.
Perambulei pelos Museus menores e fiquei distante do Louvre. Sinceramente? Ali
tem arte de milhares de anos. Que valor possui passar segundos contemplando uma
peça sem conhecer as reações e pensamento do autor? Fujo de muita gente que
fica em cima de um turismo massificado.
Para deslumbrar-me com as obras ali depositadas
posso acessar o Google ou curtir o Walmir Lima com sua farta coleção e
conhecimento. Prefiro deliciar-me com a visão do Walmir, que é muito semelhante à
minha.
Falar e dialogar com historiadores como Davi e a
Vera (lá em Paris) proporcionaram-me conhecer os detalhes marcantes da vida de
um Vincent Willem van Gogh, pintor pós-impressionista neerlandês,
freqüentemente considerado como um dos maiores de todos os tempos. Ignorava os
detalhes da sua vida, que foi marcada por permanentes fracassos - ele falhou em
todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Hoje, com
mérito, Van Gogh é cultuado por suas obras incomparáveis.
Apesar do pouco tempo naquele bairro, foi uma
excelente aula de história.
Deixamos
Montmartre já bem tarde, e nos preparamos para conhecer, no dia seguinte, Versailles.
Acordamos cedo e nos preparamos para desfrutar algo diferente e distante do
luxo do Palácio. Optamos por desfrutar da própria cidade de Versailles e
conhecer os hábitos e costumes dos atuais cidadãos. Ali, distante apenas 45
minutos de Paris, uma população vive de forma tranqüila, sem aquele core-corre
de Paris. Poucos são os turistas e por isto nos sentimos seres privilegiados.
Nosso centro de atração maior passou a ser o Mercado da Cidade e nos
deliciarmos com os gêneros consumidos pelo povo.
Foi
bom nos distanciarmos da sofisticação dos finos restaurantes da capital
francesa. Aconselho a todos aqueles que querem conhecer verdadeiramente uma
França autêntica que fujam um pouco dos cartões postais. Visitem mercado e falem com o povo. Vivam o sabor e o orgulho de um povo e se apaixonem pela autêntica
cozinha dos franceses. Ficamos embasbacados. A riqueza dos temperos (difícil de
descrever a gama dos ingredientes), centenas deles vindos de todas as partes do
mundo. Que delícia a variedade de queijos, verduras, frutas e legumes como
outras iguarias (carne e frutos do mar) já nos mostrou como se vive por lá. Como
dizia o meu pai: “Pela boca se conhece um povo, Quando for a Roma, viva como um
romano!”.
Chegada a hora do almoço, nos dirigimos a uma
fazenda local onde um restaurante típico nos ofereceu um regalo alimentar de
cair nosso queixo. Quem nos serviu de guia foi a Vera, uma brasileira que se
fez amiga, professora de História e que lá reside há mais de 20 anos.
Depois disso, uma pausa agradável num bosque junto
ao Canal do Trianon, de Maria Antonieta, que mereceu de nossa parte uma atenção
mais que especial. Mas esta é uma outra história a ser contada.
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terça-feira, 18 de junho de 2013
Entre Protestos e Vaias
©2007 Jorge Lemos
Entre Protestos e Vaias
O mundo se faz pequeno…
O surgimento das redes
sociais através da Internet, possibilitou, como tempestade, raios em todas as
direções. Aquele microchip da era 70/80, um “pequeno grão de areia”,
possibilitou transformar em terra plana o nosso globo. A permanente troca de
informações, mesmo sem falar idiomas outros (pois os programas tradutores assim
o viabiliza), une as pessoas ao longo terra. A tecnologia derrubou o Muro de
Berlin e, em consequência, o império soviético. Nós, em nossos lares,
acompanhamos a guerra no Iraque, assistindo o lançamento de bombas em objetivos
definidos. As grandes catástrofes (como o Tsunami) são acompanhadas em
todos os quadrantes do planeta assim como guerras, revoltas, posições
políticas, sociais, etc. - o mundo é outro !
A introdução acima,
saudosamente lembrada por mim como “nariz de cera” (abro um parêntesis e peço
licença ao nosso Ruy de Oliveira para utilizar uma linguagem que muito
representou em nosso passado profissional), já diz por si só o que a tecnologia
representa para os nossos dias. Procuro me situar no tempo presente e
estabelecer, mesmo que superficialmente, uma análise dos nossos últimos
acontecimentos aqui no Brasil.
Não o faço voluntariamente.
Explico a razão: uma pessoas amiga, também velho jornalista, chama-me ao Skype
e pede uma rápida dissertação sobre os últimos acontecimentos e a vaia recebida
pela Dilma, em pleno “Mané Garrincha”, em Brasília. O amigo quer a minha
opinião.
Satisfaço-o segundo a minha
ótica. Observo: Não há mais espaço em qualquer setor da administração pública para
se brincar com a opinião coletiva. A difusão do pensamento - o que definiu e
nos ensinou Jung sobre o pensamento coletivo e a Sincronicidade. Tão avançada
quanto a tecnologia, a energia do pensamento se propaga e enfeixa todo um grupo
e a ação coletiva se manifesta - seja para a violência como para os atos
salutares dos protestos e reivindicações.
O coletivo é sábio e a
velha chave latina se faz presente; “Vox Populi, Vox Dei”. O povo
expressa um grande desejo: não quer Arenas (circo), quer honestidade,
transparência, saúde, educação, transporte e Justiça. Quer acabar com a
impunidade. Quer segurança. Essa manifestação nas ruas não é pelos 20 centavos
do aumento das passagens. Observa-se nas redes sociais toda a insatisfação
coletiva e o favorecimento à impunidade. As ruas e as praças são, como diz Castro
Alves em seu poema: “A praça é do povo como o céu é do Condor”.
Dilma ouviu e não gostou do grito de Guerra, dentro e fora dos
estádios, que, construídos, consumiram milhões e milhões de reais e que
proporcionaram falcatruas mil.
Isaac Asimov, em “Fundação”,
fala sobre o inconsciente coletivo já por mim abordado aqui sobre o que é “Mentálica”.
Concordo com ele: “Há um momento em que todos movem suas mentes e projetam no
espaço vivo o que sentem !” e por isto é que “não há mal que nunca acabe”.
O Brasil está vivendo este
momento, pois o limite da impunidade já se fez. A verdade aflorou
aos olhos do mundo. A maioria absoluta que se encontrava no estádio virou as
costas para Dilma e a vaiou com prolongado e sonoro coro de repulsa. Acredite:
foi o mais sonoro acontecimento que observei e registrei em toda minha vida. Se
lá estivesse, pagaria o dobro do valor do ingresso para ter este mesmo prazer !
Como registro, e notícia à
parte, o Blatter (aquele mesmo que mereceu de um colega jornalista
inglês o título de “Chefe da Capo”), presidente da FIFA, quis passar um
pito nos espectadores e recebeu idêntica e estrepitosa vaia. Ele, Blatter,
não respeitou o velho ditado: “quem tem telhado de vidro não joga pedra em
telhado alheio”. Falou, levou! Quem não tem moral não pode ensinar aos que têm.
O presidente amoral da FIFA foi reduzido ao sumo extrato do gás intestinal - uma
grande lição aos políticos está sendo dada !
É muito bom lembrar meus
leitores sobre o que disse Pedro Simon, Senador do PMDB: “Se o ex-presidente
Collor fosse hoje julgado, por certo o processo tramitaria no Juizado de
Pequenas Causas”. Concordo com Simon. Curioso é que muitos são os sinais,
poucos os intérpretes. A história é farta de ensinamentos. Não tenho, como
afirmo sempre, Bola de Cristal, mas a experiência de vida me ensinou:
“Acautelem-se senhores administradores, tomem jeito. Procedam com respeito para
com o dinheiro público. O Mar não está para peixe. Sei que se conselho fosse
bom eu estaria rico pelos constantes avisos que minha coluna encerra.
Para onde vai desaguar este
momento? Faço também esta pergunta. Aviso aos políticos: quando se vê a barba
do vizinho arder, que coloque a sua de molho.
Vem ferro grosso por ai !
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Marcadores: Crônicas
domingo, 9 de junho de 2013
Mergulho de Amor em Águas Profundas
©2007 Jorge Lemos
Mergulho de Amor em Águas Profundas
Para as minhas doces esposa e filha
As bem suaves vozes entoavam
Um cântico terno de amor sereno
E vós anjos puros em mim adormeciam
Sob miríades de luzes que sobre mim faziam
Suave enlevo minha alma acalanta
As alegrias em mim com fulgor se apossam
Louvo o momento de paz que me encanta
Por ter-lhes sempre ao meu lado
Despojo-me dos andrajos que meu corpo então vestia
Mergulhei em profundas águas que o prazer reverte
Pelas ternas caricias que o momento cobre
Ao lavar as chagas que o passado deixa
Fiz-me de amor e renovei-me todo
Solfejo notas neste coral divino
Tornei-me puro ao compor um hino
De esperança ao renovar-me todo
Como é belo o amor que agora visto
Mesmo com o peso dos anos que carrego
Amo-as queridas por tudo o que me oferecem
Nesta a minha oportuna e comovida prece
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Marcadores: Poesias
sexta-feira, 24 de maio de 2013
"Sombras e Fragmentos" - Convite Especial
©2007 Jorge Lemos
Convite Muito Especial
Faço aqui um convite especial a você e a todos os meus (e seus) amigos para o lançamento de meu novo livro, "Sombras e Fragmentos", no dia 7 de Junho, a partir das 19:30 horas, ali na Livraria NOBEL, à Rua Benedito Storanni, 111, em Vinhedo.
Este é meu mais recente trabalho, o 48º (quadragésimo oitavo) de minha longa carreira. Meu livro fala muito de amor - aquele curtido durante uma vida inteira - e será uma ótima oportunidade para estarmos juntos numa noite de muito romantismo, nas vésperas do "Dia dos Namorados".
Para nos deliciar, os amigos NICE LEITE e CARLINHOS NOVELLI nos presentearão com uma noite de belas canções, selecionadas de seu rico repertório. Vai ser um encontro muito legal !
Aguardarei a todos com um vinho de primeira e o calor de sempre.
Abraços,
Jorge Lemos
.Marcadores: Dicas
quinta-feira, 28 de março de 2013
O Primeiro Passo
©2007 Jorge Lemos
O Primeiro Passo
Profundo silêncio se fez naquele instante
O tempo pára
E o homem chora
As lágrimas estancam a dor
Sem perder o brilho
Fez-se ali
A luz da esperança
Impassível a natureza dita
Um novo passo para o retorno a vida
Nasce a esperança
Em forma de criança
Lento
O tempo em tempo se revigora
Sem claudicar caminho
Preguiçoso
Geme o Sol entre as ramagens
Despejando o desejo do amar
Brisa perpassa sulcos da face envelhecida
Indo morrer num peito que é só saudade
Eis me aqui de corpo inteiro
Imaculado
Puro
Um fiel amante.
Marcadores: Poesias