quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Palavras Livres
©2007 Jorge Lemos

Palavras Livres
..................................................a Walmir, um retrato
Que rude lida
Edificar sonhos
Alargar passagens
Transpor abismos
Enfrentar sismos
Alçar vôos
Construir amores
Ambicionar vitoria
Sufocar choros
Derramar-se em preces
Que busca linda
Do cantor errante
Ao buscar ouvidos
Nas madrugadas frias
Sufocar suas mágoas
Ao aquecer leitos
De amores desfeitos
Que alegria imensa
Quando a Lua clara
No céu aparece
Traz em seu manto
De luz prateada
Sonhos da amada
Quando seu cantar ecoa
Eis que surge agora
Uma canção ao vento
A correr o mundo
Meu olhar profundo
Nos seus olhos dorme
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
A Vertigem das Listas
©2007 Jorge Lemos
A Vertigem das Listas
Umberto Eco é um dos mais importantes nomes da literatura mundial. Sendo ele professor de semiótica na Universidade de Bolonha, já gravou seu nome com significativos trabalhos como: “O Nome da Rosa”, “A Ilha do Dia Anterior”, “Baudolino”, “O Pêndulo de Foucault”, “A Misteriosa Chama da Rainha Loana”, a “História da Beleza” e “História da Feiúra” - obras que abrem a porta de acesso à cultura universal.
Perdoem-me, sou “fã de carteirinha” do Eco desde o seu primeiro trabalho sobre semiótica. Conheci-o através de uma coletiva de imprensa quando ele esteve no Brasil, lá no passado, em pesquisas sobre o sincretismo religioso. Lá em Salvador, na Bahia, entusiasmou-se com a miscigenação de raças e teve longo encontro com o escritor Jorge Amado.
Eco já foi o responsável pela Biblioteca do Vaticano. Acredito que o mesmo deva possuir e guardar histórias sensacionais e misteriosas sobre povos, crenças e raças. Seu brilhantismo nos leva à sua mais recente obra traduzida para nosso idioma.
Vem ele com “A Vertigem das Listas”, ensaio acompanhado de vasta antologia literária a partir de Homero (Ilíada), abrindo a seqüencia que revela listas que perpassam e revelam o corpo da história literária e pictórica, desde o ápice da cultura grega e o clássico Joyce, e nos traz até os nossos dias. Não há palavras que expressem o valor deste trabalho - uma explosão de inteligência, nos trazendo uma arte que nos provoca vertigens.
“A Vertigem das Listas”: documento de alto valor cultural!
Eco alega que este trabalho é o resultado de uma série de conferências, exposições, leituras públicas, concertos e projeções, abrangendo documentos históricos, que desenvolveu em 2009 para o Museu de Louvre. A riqueza do material inserido enriquece nosso acervo de conhecimento. Somos possuídos por uma visão completa da história universal.
Umberto Eco passa a ser um mediador da história transposta ao nosso tempo. Revela-nos gênios como Matthias Gerung, cuja pintura de “O julgamento de Páris e a guerra de Tróia” nos fascina; a pintura do veneto Francesco Morosini sobre a fuga da frota turca e Andrea Michieli, dito Vicentino, com a reprodução gráfica da “Batalha de Lepanto”.
Este trabalho é de uma genialidade que vem atingir a nossa sensibilidade, ampliando-nos e enriquecendo nosso conhecimento e, ao mesmo tempo, assegurando-nos uma visão fora dos padrões comuns do ensino de História.
Eco nos reproduz um texto primoroso de Patrick Düskind intitulado “O Perfume”, que nos coloca exatamente sobre um tempo em que “reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a excrementos humanos, os pátios fediam a urina, as escadarias fediam a madeira podre e dejetos de ratos, as cozinhas a couve estragada, a gordura de ovelha; sem ventilação; salas fediam a poeira, mofo, os quartos, lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor nauseabundo dos penicos...” o que iria desaguar, obrigatoriamente, no surgimento do período da “Peste Negra”, lá nos idos da Idade Média.
Aquele que se interessar em conhecer verdadeiramente a história terá, obrigatoriamente, que ir buscar “A VERTIGEM DAS LISTAS” - obra obrigatória ao conhecimento humano. Uma edição riquíssima em conhecimento, mas realmente cara para grande faixa da população, o que limita e restringe a capacidade da massificação do conhecimento.
Mas, valeu à pena ir buscar Umberto Eco e este seu novo trabalho. Cheguei à conclusão de que podemos, perfeitamente, nos privar de algumas sessões de cinema, de algumas peças teatrais, mas, com certeza, iremos adquirir muito mais conhecimento através deste gênio da literatura universal.
Perdoe-me a falta de modéstia, mas o aprofundamento da leitura de Eco me possibilitou crescer, e muito, intelectualmente ao absorver cada página da sua vasta obra. Acredito que todo conhecimento deva ser partilhado. Seria muito ruim para minha formação, como educador, não sugerir este agradável passeio cultural com os meus leitores.
Amigos professores, andem comigo e com o Eco pela riqueza da História!
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domingo, 13 de fevereiro de 2011
Vertigem
©2007 Jorge Lemos

Vertigem
Donde para a beleza
E no que para
Vede
Não perca o rumo
Velha canoa
O tempo se esboroa
Quando a paixão surge
Se a força do remo é pouca
A correnteza leva
Abismando a razão
E
'Frescas asas vêm pousar-nos'
E basta
Basta o brilhar da esperança
Que adorna a lida
Luz que reconforta
Nossos mistérios
E sonhos
Viva
Eternamente
Quente arfar do peito
É vida
...Então... .
Marcadores: Poesias
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
As Chuvas Chegaram (2)
©2007 Jorge Lemos

Há um velho adágio que determina: "Quando a cabeça não pensa o corpo padece".
Nada mais sensato que a interpretação dessa velha sentença, se aplicada aos atuais trágicos acontecimentos que envolvem o habitat do homem.
Desintegra-se aquilo que se pode determinar como qualidade de vida por se transformar em algo verdadeiramente constrangedor: morte e destruição causadas pela imprudência e descaso humano.
Nota-se e comprova-se a falta de senso aliada a procedimentos e ações que ferem totalmente o espírito de respeito humano. Estamos perdendo o Norte direcional que possa nos oferecer esperança de vida digna e futuro.
As irracionalidades e a incapacidade administrativa, aliadas à corrupção e à impunidade, favorecem todo e qualquer tipo de abuso de poder.
Busquem e comprovem que o que move o perfil da grande maioria dos homens públicos é o despreparo absoluto e, em conseqüência, passamos a desfrutar de um cenário repleto de grandes tragédias.
Vemos um mundo onde populações inteiras se digladiam para ver quem mais se destaca com o poder de destruição. Isso afeta e modifica, pelos maus exemplos, a massa humana, transformando-a em gerações contínuas de indivíduos desrespeitosos, poluidores e omissos - tudo associado a outras adjetivações também negativas.
O Planeta está em estertor e nos manda, nestes dias, o seu recado: "Não agüento mais, vou explodir!"
Lembro-me, com clareza, de todos os ensinamentos ministrados pelo Geotécnico Doutor Constantino Angelino Neto, lá pelos idos de 1970: "Lembre-se: a natureza sempre cobra, em dobro, o mal que com ela seja praticado!"
Sabedoria? Sim, muita sabedoria. Aprendi com ele sobre a movimentação do solo. Ele afirmava que um pequeno grão de areia, que hoje seja removido, amanhã poderá fazer falta para manter estável a grande montanha que ao longe se cala.
Daí, nossa obrigação de dialogar com o tipo de solo, conversar com a vegetação que o cerca, prever ferir o mínimo possível para não despertar a fúria do meio em que se habita.
Esse pensamento pode parecer exagerado. Ele apenas passa a ser um agente figurativo ante as tragédias ambientais que comprovamos: tudo necessita ser planejado e racionalmente decidido.
A história humana está repleta de ações degenerativas que culminaram neste nosso estágio de decomposição, seja geofísica ou humana. Um pouco de reflexão talvez nos ajude a entender um pouco mais se ainda temos futuro.
Fui buscar o cientista F. Ramade em seu trabalho "História da Agressão Humana Tradicional". Percorre ele, sabiamente, desde o período Paleolítico, quando surgiu na Terra o gênero Homo.
Curioso: nenhum outro ser vivo havia efetivamente comprometido (pelo desenvolvimento e pelo triunfo de suas populações) a perenidade da biosfera – essa região superficial de nosso planeta onde a vida equilibrada, se respeitada, é possível.
"Foi a partir da descoberta do fogo que o chamado Jardim do Eden começou a ser decomposto".
Por longa, não me permito reproduzir aqui a história toda até nossos dias. Poucos, sei, teriam também paciência para ler e compreender a que ponto degenerativo se chegou.
Convém, porém, refletirmos um pouco sobre o preconizado pelos pensadores e filósofos gregos: "A perda dos valores éticos foi cumulativa e levará o homem à sua destruição".
Há um histórico comprovado e condenável para o momento a que chegamos. Pensem: a conquista de continentes inteiros pelos europeus, acelerada a partir do século XVIII, foi acompanhada de verdadeiras hecatombes de aves e mamíferos selvagens, da destruição dos biótipos, decorrente da derrubada desenfreada das florestas e do arroteamento de vastíssimas áreas.
Todas as Américas e a Oceania conheceram a cultura da ocupação irracional e desenfreada. O homem, pela ganância, vem provocando a sua própria destruição e, pela fome do poder e ambição, condena seus iguais e os diferenciados.
Lembro-me de um filme, que assisti na década de 50, que mostrava a destruição de manadas e manadas de Bisões (Bison bison) lá no oeste americano. Carnificina pura, bárbara, atroz, perversa.
A presença européia na África fez desaparecer grande parte da fauna e a destruição inteira de tribos nativas. As Américas, Central e do Sul, sofreram pela impiedosa mão do ocupante. Civilizações desapareceram, como os Maias, os Astecas, os Incas, e nações indígenas inteiras, mais ao Sul. A fome pela madeira dizimou florestas inteiras, transformando suas áreas em espaço árido e improdutivo.
Hoje, todo o planeta claudica em razão dessa maldita herança imposta. Em nosso país, também, não poderia ser diferente. Perdemos o senso do respeito à vida.
As chuvas chegaram, fato que se repete em tragédias todos os anos. Mas não aprendemos, infelizmente. Como nos afirma R. Durant: "O homem dominador, inimigo do homem e da natureza".
O centro de todo esse drama está plantado pela "Vontade de Poder" que, como a mosca azul, pica o homem que atinge, pelas promessas - o domínio - tornando-se poderoso ser que não olha o seu semelhante como igual, mas, apenas, como um instrumento da sua ganância e ambição pessoal.
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